Scalping, Day Trading, Swing Trading ou Position? Qual dá mais dinheiro?
Essa é uma das perguntas que mais ouvimos.
Quer saber minha opinião?
É igual perguntar o que dá mais dinheiro, ser advogado, engenheiro ou abrir uma empresa?
Sabe por que é quase igual perguntar isso? Porque as habilidades que você precisa ter para fazer day trade, são diferentes das habilidades para fazer swing trade que também são diferentes das habilidades requeridas para investimento. Parece que não são, mas são diferentes sim!
Para mim, a resposta certa para o que dá mais dinheiro é o que você gosta de fazer. Se você veio para o mercado atraído única e exclusivamente para ganhar dinheiro, eu sinto dizer que é um forte candidato a sair deste post daqui a pouco. Claro que dinheiro move o mundo, mas você precisa gostar da modalidade que está praticando, caso contrário, o mercado vai te tirar do jogo.
Além de gostar você precisa ter ou desenvolver os pré-requisitos para cada modalidade. Vamos descrever brevemente cada umas das quarto olhando da perspectiva de pessoa física:
Position (ou investimento)
Quem faz position, via de regra permanece na posição por meses ou anos. O simples fato de o prazo ser longo já nos dá sinais de que não é necessário ficar grudado na tela acompanhando gráficos nem ofertas de compra e venda, etc.
Mas o que um Investidor Pessoa Física olha para operar?
Bom, quer minha opinião sincera? Só acredito que dê para ganhar dinheiro, se tiver conhecimento do mercado. O Buy and Hold (comprar e segurar) puro, ou seja, comprar sem se preocupar com timing, se provou ineficiente nos últimos anos. Até aquele momento, 2014 estava sendo o 4º ano seguido de queda das ações e um evento desses mostra que nem sempre comprar e segurar é uma estratégia segura. Conheci diversas pessoas compradas em Petr4 acima de R$ 40,00 e um monte de pessoas compradas em OGXP3 acima de 10,00. Assim como conheci muita gente comprada em PLIM4 (hoje) NETC4 e que praticamente virou pó depois da bolha de Telecom em 2000.
Eu só acredito que dê para ganhar dinheiro com investimento se aprender sobre alocação de ativos (é dessa forma que os gestores de fundos escolhem onde aplicar).
Mas você não acha que com análise técnica (olhando um gráfico de longo prazo) eu consigo tomar decisões de investimento?
Sinceramente, não!
Eu estou no mercado há pelo menos 11 anos e fui trader de fundo por 1 ano quando tive oportunidade de conversar com mais traders e gestores e nunca conheci alguém que alocasse recursos usando análise técnica.
A primeira coisa que você deve aprender sobre alocação é aprender sobre as diversas classes de ativos, ou seja, os ativos estão separados em grandes grupos. De forma superficial, podemos chegar às seguintes classes de ativos:
– Ações (divididas em: Blue Chips, Ações de crescimento e Pagadoras de dividendo) Obs: Índice e opções estão incluídos aqui;
– Ouro(em muitos casos é tratado como cambial, por se tratar de proteção às moedas em períodos turbulentos);
– Imóveis(diretamente ou através de fundos e instrumentos que repliquem);
– Câmbio (dólar futuro, opções sobre dólar, NDF, Fra de Cupom e etc);
– Renda Fixa (DI Futuro, CDB, Debêntures, Letras, Títulos pré e pós fixados, Títulos atrelados a inflação, box, financiamento de termo e etc);
– Investimentos internacionais (o que inclui todas as classes acima, mas de outros países).
Alocar é a arte de distribuir o capital entre as diversas classes e dentro das diversas classes escolher a composição de ativos que satisfaça o risco retorno do investidor pessoa física. Além desta, existe a arte do rebalanceamento, ou seja, quais critérios usar para rebalancear o peso dos ativos na carteira.
Perceba que cada classe ou cada ativo tem uma particularidade, tem uma relação risco retorno própria e uma influência diferente da economia. Tem que saber lidar com tudo isso para criar uma boa carteira. Você não vai achar essas respostas no gráfico!
Bom, o foco aqui é só dar “um tapa” no tema até porque, os temas mais importantes para nós são day trading e scalping.
Swing Trading
O swing trading difere-se do investimento pelo prazo da operação. O swing trader pessoa física costuma ficar numa posição entre 3 dias e algumas semanas.
Assim como no investimento, este tipo de operação não requer acompanhamento contínuo do mercado, porém, requer mais tempo do que o investidor, pois, é necessário garimpar oportunidades numa frequência maior.
É importante que você perceba uma coisa: O investidor não costuma ficar pulando de galho em galho, ou seja, costuma fazer operações mais “passivas” como costumamos dizer. O conceito de passiva é que a evolução do rendimento da carteira costuma ser muito próximo da evolução do(s) ativos que compõem a carteira. Já no swing trading a postura começa a ser menos passiva, ou seja, apenas por algum intervalo de tempo seu rendimento é o mesmo do ativo que esta operando, isso porque você começará a entrar e sair com frequência maior além de operar também na ponta da venda.
E o que um swing trader costuma olhar para operar?
Bom, você deve estar com vontade de dizer: Gráficos e indicadores técnicos!
Antes de tudo, você acha que é possível fazer swing trade em títulos públicos, ouro, câmbio? Nada de errado com esses ativos, portanto parece que sim, né!
E quantas vezes você já viu alguém recomendar compra ou venda de LTN (título pré fixado) baseado em algum setup gráfico? Eu particularmente nunca vi. Para operar este tipo de ativo (que na verdade é a mesma coisa que o DI futuro com mesmo vencimento) você precisa entender mais de conjuntura e fazer algumas contas do que achar setup. Eu mesmo, no finalzinho de 2013 fiz algumas posições em títulos pré e de inflação e o que me motivou a entrar na operação foi conta pura. A Selic estava em 10,25%/10,5% e o DI jan2017 estava a 12,50% aproximadamente.
A grosso modo eu estaria aplicando a 12,50% ao ano enquanto o CDI estaria rodando a 10,5%. Para eu começar a perder dinheiro, teria que haver mais ou menos 4/5 altas de 0,5% nos próximos Copom, o que parecia fora de cogitação.
Percebe que não teve nada a ver com gráficos ou indicadores?
Mas gráficos e indicadores costumam ser a maior fonte de informação para pessoas físicas, especialmente no mercado de ações que é um dos mercados mais difundidos. As pessoas costumam combinar indicadores ou achar padrões para identificar uma oportunidade.
E sabe por quê? Por que fica fácil!
Isso mesmo, qualquer um aprende um setup e qualquer um olha o mercado 15 minutos por semana e adiciona uma ordem. Isso qualquer um faz. Mas será que dá certo? Mesmo aprendendo sobre gerenciamento de risco e filtrando oportunidades com risco baixo e retorno alto, será que os resultados costumam ser bons usando estas variáveis simplistas?
Pela minha experiência acompanhando diversos traders e também como trader eu julgo o swing trading a mais difícil de todas. Porque para identificar uma oportunidade real e não estatística você precisa de muito conhecimento de mercado. O risco retorno (avaliado ex ante) dessas operações costuma ser melhor que 1/2 ou 1/3, porém, a magnitude em absoluto do stop costuma ser alta.
Complementando o fato de a magnitude do stop ser elevada e o pior fator que eu vejo é que você tem poucas oportunidades se comparado ao day trading ou scalping, o que fatalmente acarreta dias e semanas no negativo.
Day Trading
Operações de day trade são operações abertas e realizadas num mesmo dia. Nessas operações o trader é obrigado a acompanhar o mercado, nem que seja por alguns minutos. Mesmo com estratégias automatizadas é recomendável ficar atento à tela, pois muita coisa fora do padrão pode acontecer.
Day Trade
A evolução de resultado do trader costuma diferir bastante do resultado do ativo que esta sendo operado, pois é de se esperar que o day trader faça operações na compra e na venda tentando capturar oscilações de preço e que não fique exposto passivamente no mercado ao longo do dia.
Contradizendo o senso comum de que investidores usam análise fundamentalista e traders (swing traders, day traders e scalpers) usam análise técnica, day traders pessoa física de varejo costumam usar diversas estratégias (estilos ou conceitos operacionais). São elas:
– Seguidores de ordenação da natureza (matematizar o mercado com de Fibonatti, Elliott etc)
– Arbitragem sem risco (exemplo: minis com padrão, fracionário com lote integral)
– Travado (combinando 2 ou mais ativos sejam eles opções, ações ou índices)
– Seguidor de tendência (mesmo que seja no intraday)
– Princípio de reversão à média
– Reconhecimento de Padrões (sejam candles, formações gráficasetc)
– Price Action (acompanhar preço puro e volume, entender onde entrar stops e etc)
– Fluxo de Ordens (princípio alterações no fluxo de ordens precedem alterações nos preços)
-Algoritmos baseados em um ou mais conceitos acima (discricionários ou puramente executores)
Não estou dizendo quais funcionam e quais não são bons, só estou dizendo que as pessoas físicas costumam usar. Existem mais 4 estilos ou conceitos operacionais que não são tão usados por pessoas físicas, mas que são usados por outros participantes do mercado, em breve comentaremos em outro artigo.
E como costuma ser o gerenciamento de risco do Day trading? Normalmente é comum operações com risco retorno entre 1/1,5 e 1/3, mas isso depende muito do dia, da estratégia e da dinâmica de cada mercado.
Scalping
A primeira diferença evidente entre scalping e operações de day trade é a frequência das operações. Enquanto um day trader ode fazer 1, 2, 5 operações por dia, um Scalper Moderno (pois o termo Scalper remete ao antigo operador especial com crachá azul que operava dentro da Bolsa) costuma fazer entre 15 e 70 operações por dia, dependendo do dia e de vários outros fatores.
Além dessa diferença no nº de operações eu gostaria de acrescentar uma diferença vital entre o Scalping e o Day Trading. Scalping não quer dizer ganhar pouco por operação, mas sim perder pouco quando estiver errado. O fato de você não deixar o mercado ir contra sua posição também faz com que seus resultados por trade sejam menores. Para se perder menos, normalmente se ganha menos.
Nos EUA esta modalidade é também chamada de traders de momentum, ou seja, traders que buscam capturar aqueles movimentos sequenciais de preço, sem ficar muito tempo exposto no ativo.
Só com essa informação você já deve ter percebido que para adotar o scalping você precisa ficar full-time olhando para a tela. Não necessariamente o dia todo, mas enquanto estiver operando precisa acompanhar toda a história daquele momento. Não dá para revezar atividades.
A questão da corretagem é sem sombra de dúvidas um tema polêmico no Brasil. Muitos acham que o scalping é impossível por conta da corretagem. Saiba que o Brasil infelizmente ainda não têm as mesmas distinções que países como os EUA, por exemplo. Lá, existe uma segmentação muito clara, entre traders de varejo, active traders (operam suas contas de forma frequente) e proprietary traders (traders ativos que são financiados por uma conta proprietária). Lá existe uma segmentação forte entre estes players pessoa física, o que se traduz em produtos e pacotes específicos para cada perfil.
Aqui no Brasil, apesar de ainda não haver uma segmentação explícita de produtos e serviços obviamente existem opções de preços atraentes para Scalpers e futuros Scalpers. Algumas corretoras têm condições especiais (não divulgadas) para active traders, mas é por “baixo do pano” e com indicação.
A grande desvantagem do Scalping é que infelizmente a relação risco retorno não é muito maior do que 1/1. Claro que às vezes é maior, mas via de regra, o risco retorno não é tão bom… A compensação disso vem na eficiência. É comum obter taxas de acerto de 80/85% dos trades. Outra grande desvantagem é a necessidade do trader desenvolver uma habilidade a mais: a agilidade. Você tem que ser extremamente ágil para conseguir operar momentum.
Então por que muitos escolhem o scalping?
Simplesmente porque é mais fácil. É mais fácil acertar poucos ticks (um tick é uma unidade mínima de oscilação: 0,01 nas ações e opções, 0,5 ponto do dólar, 5 pontos no Indice, etc) do que um movimento longo.
Além disso, a grande vantagem do Scalping é que depois que você realmente estiver com as habilidades desenvolvidas e treinadas, não é raro sair com 15/18 pregões positivos no mês. São tantas oportunidades dentro de um dia para quem opera momentum, que mesmo que erre 2, 3 ou 4 operações em seguida ainda haverá mais um monte de oportunidades para reverter o resultado. Essa constância diária reforça a confiança.
E o que os Scalper costumam olhar para operar?
Bom, a grande maioria de que faz scalping tem habilidade de ler o fluxo das ordens (Tape Reading como é conhecido nos EUA). É uma habilidade pouco difundida no Brasil e que pouquíssimas pessoas têm conhecimento. Com tape Reading você consegue perceber uma oportunidade reconhecendo a atuação dos price makers, o que torna a oportunidade real e não estatística.
Para finalizar o artigo:
Swing Trading, Scalping, Day Trading e investimento são prazos ou janelas operacionais e não métodos ou estilos.
Não só as pessoas físicas fazem operações nessas janelas, como também todos os participantes do mercado. Price Takers e Price Makers também giram no scalping (dependendo do interesse), fazem day trade, fazem swing trade e carregam algumas posições por um longo período. A diferença é o que cada player usa como conceito ou estilo operacional e também o impacto das decisões no preço pelo tamanho dos lotes.
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